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Para cada temporada é construído e produzido um conjunto de imagens que comunicam e promovem os espetáculos da Companhia Nacional de Bailado. Um trabalho em conjunto que envolve, equipas externas – designers, fotógrafos, criativos – e a equipa interna da CNB.
Ao longo das próximas semanas iremos recordar as imagens desses momentos e descobrir os processos, também de criação, de alguns dos fotógrafos que colaboraram connosco.
Cláudia Varejão nasceu no Porto e estudou realização no Programa de Criatividade e Criação Artística da Fundação Calouste Gulbenkian em parceria com a German Film und Fernsehakademie Berlin e na Academia Internacional de Cinema de São Paulo. Estudou ainda fotografia no AR.CO Centro de Arte e Comunicação Visual em Lisboa. É autora da triologia de curtas-metragens Fim-de-semana, Um dia Frio e Luz da Manhã. Ama-San, retrato de mergulhadoras japonesas, foi a sua estreia nas longas metragens e recebeu vários prémios em todo o mundo, seguindo-se No Escuro Do Cinema Descalço Os Sapatos, filme que acompanha a intimidade de um grupo de bailarinos da Companhia Nacional de Bailado. Amor Fati é o seu mais recente filme e Lobo e Cão, em fase de preparação, devolverá novamente o seu olhar à ficção. Os seus filmes têm sido selecionados e premiados pelos mais prestigiados festivais de cinema. A par do seu trabalho como realizadora, desenvolve um percurso como fotógrafa e é professora convidada no AR.CO e na Universidade Católica do Porto. O seu trabalho, tanto no cinema como na fotografia, documentário ou ficção, vive da estreita proximidade com os seus retratados.
Cláudia Varejão é a autora das fotografias que deram corpo à temporada de 2014 da CNB. Na segunda entrevista desta série, Fotógrafos da CNB, revela-nos o universo criativo por detrás destas imagens e João Campos, Diretor Criativo do Estúdio João Campos, recorda o trabalho de composição gráfica das imagens finais que chegaram até si, até todos nós.
“Elevação, Superação e Humanismo.”
E porque as fotografias foram criadas muito antes das peças estarem a ser construídas e ensaiadas, eu propus que as imagens fossem abertas o suficiente para virem a incluir, em si, um sentido futuro. Quero com isto dizer que, propositadamente, não há contornos definidos nas fotografias nem se concretizam as formas dos corpos ou paisagens. Ao contrário do rigor técnico da dança, aqui a fotografia integra um aparente erro: a falta de foco. É essa singularidade que permite ao nosso olhar recriar aquilo que não se vê, privilegiando, sempre, algo que reside no impulso primordial da dança: a liberdade.”
“Talvez o que tenha sido mais marcante em todo o processo foi ter criado as imagens antes de conhecer as peças. Ao decorrer da temporada fui-me surpreendendo, umas vezes positivamente, outras menos, com os encontros entre os imaginários: o meu e o dos coreógrafos e das suas equipas. Foi um jogo, quase no escuro, que me trouxe um sentimento de gratificação no final do caminho.”
João Campos é a mente criativa por detrás das imagens que chegam até si a cada nova temporada da Companhia Nacional de Bailado. Colabora com a CNB desde 2008, ainda antes de criar o seu estúdio de estratégia de marca e design, o Estúdio João Campos, e o seu desafio é aparentemente simples, mas na realidade complexo: a cada nova temporada, desenvolver uma identidade visual, com uma nova carga simbólica e dinâmica, tal como a própria identidade e raíz da CNB.
“Trabalhar a temporada 2014 sobre as fotografias da Cláudia Varejão foi um desafio particularmente interessante e singular.
O conjunto de imagens produzido assumia uma dimensão incontornavelmente autoral, e assim foi abordado. Combinando as fotografias em pares, ora assumindo um carácter interpretativo abstrato, ora misturando figura humana com texturas gráficas, o universo muito próprio da recolha fotográfica ditou, por completo, o tom visual da temporada.
Num exercício de grande proximidade com a Cláudia, o trabalho tipográfico foi essencialmente pensado como contributo à dinâmica visual única resultante da selecção e combinação das fotografias. Sem dimensões fixas pré-definidas, os títulos das obras assumiam-se como elementos adaptáveis, subordinados ao binómio visual criado pela junção das imagens. Como resultado, além de uma linguagem versátil e flexível, em que é o trabalho fotográfico o grande protagonista, obteve-se um registo marcadamente elegante e distinto, completamente adequado ao prestígio da CNB.” João Campos.
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