5 de Dezembro de 2024
Obrigado, Armando!

Bilhetes

"Caro Mestre Armando Jorge

 

Bem-vindo ao Teatro Camões, sede da sua e da nossa Companhia Nacional de Bailado e seja particularmente bem-vindo ao Estúdio Armando Jorge.

 

É uma honra e um incessante orgulho para todas e todos nós, recebê-lo e prestar-lhe uma homenagem, que a todos os níveis era tão desejada  e, acima de tudo, mais do que merecida e justa. Sou particularmente grato por ser eu um dos porta-vozes desta homenagem, mas não posso deixar de invocar o quanto antes esta iniciativa já estava a ser pensada e construída pelas várias pessoas que o admiram desde sempre. Pela sua ação plurivalente, Armando Jorge é um dos maiores interlocutores do conhecimento artístico, da competência técnica, da sabedoria e de uma visão expandida do que significa fazer dança em Portugal, através das suas múltiplas perspectivas e em diversos contextos. Quer pelo papel fundamental de grande arquiteto na fundação da nossa Companhia Nacional de Bailado e na formação e consolidação de grandes gerações de bailarinos portugueses, quer pelo arrojo ao liderar também os memoráveis Ciclos de Noites de Bailado em Seteais, podemos afirmar que Armando Jorge não é só um dos pais da dança académico-clássica em Portugal, como é carinhosamente e justamente tratado por muitos bailarinos, é também um líder contemporâneo da nossa dança pelas bases inquebrantáveis que lançou na sua longa carreira e vida, e pelas quais ainda hoje percorremos e dançamos.

 

Hoje, neste dia 5 de dezembro, sempre dia de alegria e de celebração por se tratar do aniversário do 1º espectáculo de sempre da CNB, em 1977, juntamos mais um memorável motivo de celebração ao atribuir o nome Armando Jorge a este estúdio.

 

Ninguém sabe ao certo prever com exatidão o futuro, mas cedo o Armando soube que ao nosso país era exigido e era demais desejada a criação de uma Instituição Nacional Profissional de Serviço Público em Dança.

Ninguém sabe ao certo prever com exatidão o futuro, mas toda a imensa experiência profissional e todo o seu talento artístico, colocavam o Armando como a pessoa mais bem preparada para desenhar o futuro da CNB naquele início onde muito havia por fazer.

Ninguém sabe ao certo prever com exatidão o futuro, mas os ventos da mudança para a liberdade foram desde logo claros para o Armando que o momento era de ouro e de avançar para o futuro, que ele bem sabia como deveria ser modelado, potenciado pela criação da CNB como uma das primeiras iniciativas culturais do I Governo Constitucional da nossa democracia.

Ninguém sabe ao certo prever com exatidão o futuro, mas naquele dia 5 de dezembro de 1977, o Armando sabia o que tinha de ser feito para desenvolver um grande corpo de baile nacional, para instituir um repertório amplo, universal e singular nas sucessivas criações originais, e para estabelecer a CNB como uma marca tácita na Dança em Portugal e na sua proximidade com os públicos.

 

Ou seja, ninguém sabe ao certo prever com exatidão o futuro, mas o futuro é conquistado pela visão mais nítida possível de valor, competência, rigor e devoção pela excelência, que todas e todos reconhecemos no Armando, aliada à sua sensibilidade e encanto pela diversidade artística.

Ninguém sabe ao certo prever com exatidão o futuro, mas passados 47 anos desde a estreia absoluta da CNB, este presente e também este futuro que não pára de acontecer, são frutos de uma extraordinária base lançada pelo Armando desde o primeiro passo, a base de um cânone e de um modo de estar na Dança e pela Dança.

Ninguém sabe ao certo prever com exatidão o futuro, mas os nossos passados, enquanto ainda eram futuros, e os futuros das jovens gerações de hoje, ainda que todos esses não tenham tido a oportunidade de trabalhar diretamente com o Armando, somos felizes por contar sempre com a sua presença, porque convivemos todos os dias com o seu legado e a sua visão.

Ninguém sabe ao certo prever com exatidão o futuro, mas todas e todos saberíamos que esta homenagem iria um dia acontecer e, uma vez mais, como seu humilde sucessor na direção artística da CNB, sou grato por sentir na minha voz todas as vozes que desejam exprimir a enorme admiração que temos por si.

Armando Jorge, eis um belíssimo, inquestionável e nobre exemplo de como um nome convoca tantos e tão admiráveis símbolos e significados.

É aqui que reside também um dos seus maiores ensinamentos, que é o de dar à Dança e ao Bailado toda a nobreza que merecem. E quando digo nobreza refiro-me  naturalmente à elevação, mas também à dignidade, honra, generosidade, altruísmo, profissionalismo e ética. E como é no estúdio de dança que a nobreza da Companhia Nacional de Bailado é arquitetada e concretizada, seremos agora todas e todos ainda mais nobres por podermos estar diariamente a dançar no Estúdio Armando Jorge.

 

Obrigado, Armando!"

 

 

Fernando Duarte

5 de dezembro de 2024

 

Discurso do Diretor Artístico, Fernando Duarte, dirigido a Armando Jorge, por ocasião da homenagem ao co-fundador e primeiro Diretor Artístico da CNB, no dia 05 de dezembro de 2024, no Teatro Camões.

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