CNB no Millennium Festival ao Largo 2023

Pelo segundo ano consecutivo, a Companhia Nacional de Bailado (CNB) marca presença na abertura do Millennium Festival ao Largo, desta vez com um programa que espelha as diferentes tonalidades e estéticas da dança contemporânea. A principal casa da dança nacional passa pelo festival no âmbito de uma digressão, a decorrer entre os meses de junho e julho, que marca simbolicamente o fim da presente temporada. Será também o seu último programa apresentado, antes do encerramento do Teatro Camões, em Lisboa, que estará em obras até março de 2024, no contexto do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).

Sob a forma de diálogo e de encontro, a CNB junta neste programa dois coreógrafos que, com abordagens e ambientes distintos, propõem obras que trabalham sobre o coletivo. Ao passo que symphony of sorrows, do coreógrafo e primeiro bailarino da CNB Miguel Ramalho, se desenvolve num ambiente denso e soturno, no qual o coletivo revela ser a força de superação dos caminhos, por vezes tortuosos, da humanidade, Cantata, do italiano Mauro Bigonzetti, reflete tradições populares e musicais italianas, numa espécie de festa comunitária, onde a música é o elemento inspirador, que contagia bailarinos e público.

As duas criações estão igualmente marcadas pela sua ligação inusitada ao MFaL. Foi com Cantata que a CNB se apresentou pela primeira vez no festival, em 2009, e foi também neste festival que se estreou symphony of sorrows, em 2020. Uma vez mais, é no largo que se celebra a dança e o trabalho desenvolvido pela Companhia Nacional de Bailado que nos acompanha há mais de quatro décadas.

SYMPHONY OF SORROWS

Um leve toque sobre as nossas sensações à margem da realidade humana. Os nossos corpos formam um organismo que vislumbra a imagem do que temos no subconsciente. Um universo dentro de cada corpo tornado música. Como se conseguíssemos ver cada nuance musical enquanto vivemos pequenos momentos que nos são fortemente familiares.

Miguel Ramalho

CANTATA

Cantata é uma coreografia plena de cores vibrantes, típicas do sul de Itália. Os gestos apaixonados e viscerais evocam um tipo de beleza mediterrânica e selvagem. Uma dança instintiva e vigorosa explora as várias facetas da relação entre homem e mulher: sedução, paixão, querelas, ciúme. 

Cantata presta homenagem à cultura e tradição musical italianas, uma criação popular, no sentido mais elevado do termo. Utiliza música italiana dos séculos XVIII e XIX, desde as canções de embalar ao Salentine pizziche e às serenatas napolitanas. Neste bailado, criado a partir de um encontro inesperado com um grupo de músicos de Nápoles e Puglia, a dança e a música misturam-se e interligam-se.

Mauro Bigonzetti